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PROSA DO FOLIA: Gabriel Castro, Diretor da Ala de Passistas da Vila Isabel e Império Da Tijuca

Colecionando prêmios, sendo um deles o Estandarte de Ouro de Passista Masculino, hoje é dia de bater um papo com o pai da Helena e que possui uma grande carreira no carnaval. Dia de ‘PROSA DO FOLIA’ com Gabriel Castro, Diretor da Ala de Passistas da Vila Isabel e Império Da Tijuca.

Quem é o Gabriel Castro?
– Sou primeiramente o pai da Helena há 4 anos, vascaíno, uma pessoa que escuta música todo santo dia, um dia sem arte pra mim é um dia perdido. Só tem uma coisa que sou tão apaixonado quanto samba e musicalidade, é HISTÓRIA. Não a toa minha graduação universitária foi essa, muito influenciado pelos grandes enredos que contavam coisas que desconhecia quando criança. Ah…leio, assisto e tento saber de tudo que acontece ao meu redor ou pelo mundo, mesmo que seja algo que não tem absolutamente nada a ver com a minha vida (risos). Deve ser a inquietude da mente do artista ou uma avidez de conhecimento, que nunca é demais, né?

Ah…trabalho desde os 16 anos, sempre fiz meus corres e além da minha mãe (sou filho único de mãe solteira e solo) e da minha falecida avó, nunca dependi de ninguém pra nada e nem me sinto confortável. É do meu jeito e dentro das minhas possibilidades. Tenho 33 anos muito bem vividos e moro sozinho desde os 24 (que eu me lembre). Ah, eu sempre tô feliz e faço piada com absolutamente TUDO. Só sou sério trabalhando, saiu dali eu sou resenha.

Como começou a sua história no carnaval?
– Com 10 anos tentei me inscrever sozinho e escondido na ala das crianças da escola da comunidade que fui criado, Paraíso do Tuiuti, o enredo era “Um Mouro no Quilombo”, ano de 2001. Obviamente não pude fazer isso sozinho e minha mãe teve que assinar. Ah, sou criado no Tuiuti, mas nascido no morro do Outeiro no Engenho de Dentro, minha família tem uma história bonita no Arranco e eu também lá já fui passista, diretor e coreógrafo de comissão de frente, sempre que posso ajudo a agremiação por conta desse laço afetivo que tenho.

Com 14/15 anos fiz parte da comissão de frente da querida Vizinha Faladeira no grupo de Acesso da Sapucaí, enredo sobre Gilberto Gil. Com 16 me torno passista do Império da Tijuca, com 17 diretor de lá e da Aprendizes do Salgueiro a convite do então presidente Thiago Carvalho, escola mirim que eu desfilava não bateria e o mestre era o atual da escola grande, meu amigo de longa data Gustavinho, que hoje é maior do que eu (risos).

 

Por quais escolas você já passou?
– Passei por diversas agremiações como passista, outras como diretor e aprendendo muito em todos os lugares. Ala das crianças e ala de comunidade: Paraíso do Tuiuti, Comissão de frente: Vizinha Faladeira, Coreógrafo de Comissão de Frente: Arranco do Engenho de Dentro e Imperadores Rubro-negros, Coreógrafo de ala: Império Serrano (2016 – Sente o Drama), Passista: Mocidade, Império Serrano, Império da Tijuca, Vila Isabel, Mangueira, Arranco do Engenho de Dentro, Cabuçu e Renascer. Diretor de passistas: Vila Isabel e Império da Tijuca (atual), Império Serrano (6 anos), Unidos de Padre Miguel (2), Arranco (2), Aprendizes do Salgueiro (3), Mocidade de Vicente de Carvalho (2), União de Jacarepaguá (1) e Unidos de Vila Kennedy (1).  Tenho a honraria de ser padrinho de duas alas de passistas: União da Ilha da Magia – Florianópolis (SC), Os Morenos – Estarreja (Portugal).

Foto: Eduardo Hollanda

 

Como jornada dupla na Sapucaí, como funciona a sua preparação para o carnaval?
– Quase fechando uma jornada tripla (risos), É UM CAOS! Brincadeira. Na verdade é necessário organizar e otimizar o tempo, então geralmente estou em todos os compromissos das escolas que trabalho, mesmo tendo sempre uma equipe de apoio que é importantíssimo pra dar uma retaguarda sobretudo pra questões administrativas, porque assim posso me preocupar mais com a parte artística da coisa, mas tinha um ditado que meu avô falava e sigo: “O que engorda o gado é o olho do dono”. Mas eu consigo ter vida fora do samba e carnaval por incrível que pareça (risos). É claro que não é fácil conciliar família (falto aniversários pra ensaiar), amigos (as vezes não vou na resenha da galera, mas quando vou é zoeira certa), relacionamentos (nem toda mulher se sente segura por estar com alguém que tem contato diário com mulheres que chamam atenção), mas aí entra o jogo de cintura e a malandragem que a gente aprende. Fácil não é mas eu amo tanto o que eu faço que esse amor faz ser possível.

 

 

Como é ser citado por diversos passistas como uma das inspirações no mundo do samba?
– É primeiramente uma honraria, sabe? No meio de tanta gente boa e talentosa, ser mencionado por alguns como ponto referencial é legitimar o trabalho árduo que faço com os meus no dia a dia. Eu acho que tem gente até mais talentosa por aí e que eu super admiro, mas poucos trabalham, estudam, se atualizam e amam tanto o que fazem. Geralmente são esses que dão o próximo passo e se tornam profissionais em excelência aqui e lá fora.  Mas não comecei nisso pensando em ser referência não, as coisas foram acontecendo. Sempre fui muito responsável, mas não com essas pretensões, é que se eu me presto a fazer algo, farei o melhor possível e o impossível. Tem uma frase que meu primeiro diretor de carnaval e harmonia disse pra mim e levo comigo até hoje:  “A partir de agora em qualquer lugar que você esteja que toque samba, saiba que você representa uma escola e está sendo observado. Você pode chegar e não conhecer ninguém, mas de certo muitas pessoas lá vão conhecer você” (Gilberto Cabeça Rica).

E você, quais são as suas inspirações no mundo do samba?
– Tem muita gente e dessa vez não quero falar só do meu segmento. Nos passistas, Aldione Senna, que foi minha diretora e hoje é uma grande amiga, minha primeira diretora que me ensinou tudo Márcia Vitorino, mestre e amigo Celinho Show, Ciro do Agogô e tantos outros. Mas dessa geração e da que chegou também admiro muita gente. George Louzada, foi meu passista e eu fui passista dele, Alex Coutinho que é dessa mesma geração, Gilliard da Porto, Tina Bombom. Da galera da dança eu vou destacar Kellyn Rosa que é fenômeno. Poucos grandes dançarinos são grandes professores em mesma proporção, ela une ambos, trabalhamos juntos já a 3 anos e ela sempre me surpreende.  De demais segmentos e professores/mestres, Irineu Nogueira, grande mestre e coreo da Vai-Vai, Júnior Fionda, meu amigo e irmão, Daniel Silva, um cantor de sabedoria e humildade que poucos sabem, Raphael Rodrigues, Phellipe Lemos, mestre Careca, Jamelão do Império, Cizinho, Átila Gomes, Quitéria Chagas…gente, é muita gente, não cabe aqui não (risos). SE ESQUECI DE ALGUÉM, ME PERDOEM.

 

Qual seu carnaval e samba-enredo mais marcante?
– – O ano de 2015 foi um divisor de águas na minha carreira, ano do meu Estandarte de Ouro individual como melhor passista do carnaval pela Mocidade Independente e 2º ano a frente da ala mais premiada do segmento naquele carnaval, Império Serrano.  Mas, meu samba e desfile mais marcante foi 2017, com Império Serrano campeão da Série A e voltando ao Grupo Especial.  “A minha história já fala por mim, Sou resistência, orgulho sem fim, Tem poesia no ar, Você já sabe quem sou, Pelo toque do agogô”

 

O que o Gabriel de hoje falaria para o Gabriel de 10 anos atrás?
– Humildade, continue respeitando o trabalho de quem veio antes, nem todo mundo que ri pra você e se diz teu amigo quer o teu bem, continue acreditando na tua intuição e no teu coração, mesmo que ninguém acredite em você, no final vai dar certo. Se tu acha que está estudando muito é porque ainda pode estudar mais. Você vai ter uma filha que é um espírito de muita luz, não tenha medo disso. Viaja irmão! Se joga no mundo e troque experiência com todos, de onde menos se espera virão as melhores trocas.  Obs: TU VAI TOMAR FAMA SEM DEITAR NA CAMA

 

Para finalizarmos, deixe seu recado para os admiradores do seu trabalho.
– Se você me admira como pessoa você é louco, temos que deixar isso claro logo de início porque só um pouco reconhece o outro. Se você curte meu profissional (que é outra pessoa quase), muito obrigado pela sensibilidade, carinho e respeito. Faço a maioria das coisas de coração e me entregando de corpo e alma. Ah…nas quadras e nos sambas da vida podem falar comigo que essa cara de poucos amigos é a maior mentira do mundo.  SIGAM MEUS PASSISTAS, MEU TRABALHO E AJUDEM SEMPRE QUE POSSÍVEL, UMA MENSAGEM PODE MUDAR TUDO, OBRIGADO POR TANTO.

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do Planeta Samba

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