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PROSA DO FOLIA: Neninho, Mestre de bateria da Pérola Negra
Hoje é dia de Prosa, dia de papo com o comandante da “Swing da Mada”. Dia de PROSA DO FOLIA com Neninho, Mestre de bateria da Pérola Negra.
Como começou a sua história no carnaval?
– Começou no mesmo ano que nasci rs. Praticamente 15 dias antes do meu nascimento o meu pai assumiu o comando da bateria do Camisa Verde e Branco. Dali em diante a minha paixão foi só aumentando. Quando pequeno, aos 2 anos já estava desfilando no colo do meu pai e aos 4 comecei a tocar e não parei mais.
Por quais escolas você já passou?
– Iniciei no Camisa Verde e Branco e passei por diversas escolas em São Paulo. No Rio eu desfilei na Mocidade Independente em 2017 e fui campeão e também estive nas duas baterias do Ivo Meirelles na Mangueira. Como Mestre no Camisa e Pérola Negra.
Como começou a sua relação com o Pérola Negra?
– Tenho uma curiosidade sobre isso. Em 2016 quando desfilei tocando repique eu ganhei uma bolsa do Pérola para guardar o talabarte e baqueta. Essa bolsa ficou aqui e logo depois que eu assumi a bateria eu achei essa bolsa, era pra acontecer. Fiquei 4 anos à frente da bateria do Camisa e quando eu assumi o Pérola tinha uma pressão dentro de mim. Era uma bateria que eu não conhecia, pessoas que eu não conhecia, então foi um desafio que deu certo. Hoje eu tenho em mente que faço o melhor trabalho da minha vida até aqui.
A bateria é um quesito que comanda em torno de 200 a 300 ritmistas. Apesar dos diretores, acaba sendo uma responsabilidade do Mestre. Tem alguma pressão ser “responsável” por um quesito?
– A pressão é muito grande, é a maior ala dentro de uma escola de samba. A gente trabalha muito, passa o carnaval a gente já começa escolinha, ensaios e quando lá na frente se der certo o time todo vence, se deu errado, pode jogar a culpa no mestre, que teve o tempo de ver os erros e consertar. Precisa ter uma boa cabeça pra isso.
Como funciona o trabalho de um mestre para inspiração das bossas?
– Quando eu já sei o samba eu procuro respeitar a melodia, brincar um pouco com o contratempo, sempre enriquecer o lado musical que habita em mim. Já tive bastante referência, ouço muita musica latina, baiana, e serve de inspiração. Quando o samba é afro, escuto bastante sons afro para ver o que cabe. Para 2023 nosso enredo é Jair Rodrigues, então já adianto que teremos surpresas rs.
Quais são as suas referências no mundo do samba?
– Meu pai. Tenho várias outras e referências, mas o maior é meu pai. O samba é muito rico, vivo dele intensamente, vivo do samba. Sou músico da noite, então para cada segmento do samba eu tenho uma referência. Dentro do pagode tem o Carica, Arlindo cruz, Mestre Marçal, Prateado, dai em diante.
Qual seu carnaval e samba-enredo mais marcante?
– São 30 anos desfilando, escolher um é difícil. Vou escolher a emoção que eu tive com as duas baterias da Mangueira, ali só perde pra emoção de ver meu filho nascer e o Corinthians se campeão da libertadores rs. Um samba marcante foi Camisa 1992
O que o Neninho de hoje falaria para o Neninho de 10 anos atrás?
– Fernando Roberto Moreira, vulgo Neninho. Estuda! Vai estudar, se possível fora do país, viver da musica não é fácil, já começa a pagar o INSS rsrs e valoriza a família, eles que na pior irão estender a mão e irão te ajudar muito a passar por situações adversas, são eles.
Para finalizarmos, deixe seu recado para os admiradores do seu trabalho.
– Muito obrigado, a gratidão é muito grande. Não é facil fazer bateria nos grupos inferiores ao especial. Nesses 11 anos que estou a frente, apenas 1 ano fiz parte do especial. O conceito, o respeito e admiração só aumentou aos amigos, fãs, admiradores que foram, compartilhando, expandiu o trabalho que faço e minha equipe. É muito amor ao samba, a bateria, a ancestralidade e pode ter certeza que enquanto tiver saúde, eu estarei dando o meu melhor, fazendo bateria com amor. Muito obrigado, forte abraço a minha equipe, família e todos que admiram o nosso trabalho.
** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do Planeta Samba
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