Especial SP
Simone Sampaio relata orgulho de representar uma Rainha Africana em Festa da Dragões da Real
Em grande estilo, na noite do último sábado, 06 de maio, a Escola de Samba Dragões da Real realizou um jantar para o lançamento do enredo rumo ao carnaval 2024, onde buscará o tão sonhado título do grupo especial paulistano.
Com ingressos esgotados, na ocasião a comunidade de gente feliz, como são conhecidos, lotaram a quadra social da agremiação que fica situada no bairro da Vila Anastácio, na zona oeste de São Paulo.
Entre os componentes, a agremiação recebeu a presença de convidados que foram prestigiar o evento, onde podemos destacar nomes como, a Jornalista Joyce Ribeiro, que estava acompanhada de seu esposo Luciano Machado, o Reitor José Vicente e sua esposa Alessandra Helena Vicente, a Professora Adriana Vasconcellos, o modelo Augusto Rocha, Sheila Neves, além do Vocal Kuimba.
A agremiação que é Presidida por Renato Remondini, mais conhecido carinhosamente entre os sambistas como ‘Tomate’, a fim de proporcionar um resgate de identidade histórica, vai buscar no continente africano, berço da humanidade, as mais fascinantes narrativas sobre Reis e Rainhas que marcaram o mundo como grandes exemplos de luta e coragem, tornando-se estrelas inspiradoras, apresentando no Sambódromo do Anhembi o enredo “África – Uma constelação de reis e rainhas”.
Durante o evento, um dos destaques ficou por conta da jornalista e ex-integrante do reality ‘A Fazenda’, Simone Sampaio, que ao lado de sua filha Mahryan Sampaio, adentraram com trajes típicos de Rainhas africanas, carregando o pavilhão de enredo da agremiação.
Vale lembrar que após uma década à frente da bateria “Ritmo que Incendeia”, no posto de Rainha de Bateria, agora Simone vai para o terceiro ano consecutivo como Madrinha da Escola, onde fortalece a família mais feliz do carnaval com a sua energia.
Em um bate papo exclusivo com Simone, a jornalista contou sobre a emoção de carregar o pavilhão e poder abordar um enredo de tamanha importância durante o carnaval 2024.
“Eu sempre digo que sou abençoada, porque dentro da minha história sempre tem lindos acontecimentos que coroam essa minha trajetória.
Esta é a primeira vez que eu estou como Embaixadora do enredo, e sinto uma grande honra, a qual eu acho muito difícil alguma outra coisa superar este privilégio de carregar o pavilhão de um enredo como este!
E eu falo isso, porque existem muitas escolas vista com prioridade de comunidades majoritariamente negras para falar da nossa história e da nossa ancestralidade, mas eu sempre quis e desejei… era um sonho a se realizar e agora a Dragões da Real fazendo este enredo afro, é obviamente que vai existir questionamentos por ser uma escola popularmente dita de brancos, porém é justamente isso. Eu acredito que seja o momento propício, onde a Dragões amadureceu, esse enredo é mais que uma comunidade com propriedade, podemos dizer que seja uma comunidade disponível, se colocando como aliada para o combate que precisa ser feito em relação ao racismo, a intolerância, a violência e o preconceito.
A ideia é que juntos possamos desconstruir e reconstruir uma nova história, a partir da história real, e por isso uma constelação de Reis e Rainhas, porque a história até então contada, onde eu acredito que já passou do momento de nós de todas as raças, buscamos a real origem, como é que o Brasil foi colonizado, como é que chegamos a este racismo estrutural, e onde ele está em nós, porque está em todos nós, em mim também, pois eu me policio todos os dias, e aprender a buscar, pois eu também estou nesse processo de entender.
O enredo que a Dragões conta até hoje e que eu vejo, é sempre em uma linha religiosa, linha de escravizados, porém a história não começa aqui, muito menos começa nos porões dos navios e chega de levarmos por exemplo a educação afro para a escola, porque isso é muito recente. Você imagina uma criança sendo educada ou uma adolescente sabendo das atrocidades e do crime mundial que é a escravidão.
Os nossos ancestrais não eram só as histórias de homens e mulheres negras enrolados em farrapos ou em sacos de estopas, não é sobre isso… A nossa história começa muito antes e é por isso que é tão importante essa história real de cabeças coroadas, pois nós somos descendentes de reis e rainhas, e é uma história que precisa ser contada, porque a gente precisa desconstruir.
Sim… Sabemos de todas as mazelas e todo crime que foi cometido, porém para desconstruir e construir uma nova história, nós precisamos entender de onde viemos e retornar para continuar entendendo quem somos.
Eu sempre tive muita altivez, mesmo sem conhecer minha verdadeira história e provavelmente porque o meu geni falou muito mais alto sabe e sempre houve em mim. Eu carrego isso, nós carregamos, porém é muito importante que a gente comece urgente e juntos com uma educação anti-racista, tendo aliados, e essa é a proposta da Dragões quando ela vem contar um enredo além da história que nos contaram, quando ela vem com enredo real.
Eu estou muito honrada e grata por ter esse momento na minha história, onde de fato isso coroou de forma excepcional a minha história no carnaval porque nós com certeza iremos passar pela avenida como sempre com muita arte, graça, beleza e toda alegria que a Dragões têm, porém com a alegria de saber que estamos juntos cumprindo nosso papel.
Eu realmente espero contribuir e também ser acrescentada com mais esse momento que eu considero muitíssimo importante!”, relatou Simone.
** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do Planeta Samba
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